A Druida das Mil Faces (05/2016)

De BCSWiki
Astrid

O Pacto[editar | editar código-fonte]

A pequena adaga de lâmina bem polida fluía elegantemente caótica entre os dedos da enigmática Astrid enquanto olhava fixamente para um dos servos de Merenor.

Sem sequer deixar de tirar os olhos no estranho encapuzado, e de poucas palavras, Astrid continuava sua dança errática com a adaga enquanto sua mente tentava decifrar alguma armadilha na interessante proposta do "Senhor das Sombras".

Era verdade que ela poderia pegar os melhores da Guilda Antiga a qual liderava e viver uma vida nômade, pulando de cidade em cidade, adquirindo riquezas e conforto por um bom tempo. Mas ela sabia que mesmo com toda a perspicácia e talento do mundo não seriam suficientes para impedir os tempos de vacas magras que estava por vir. As cidades aos poucos não seriam mais ricas. A fome e o cansaço talvez poderiam se tornar companheiros incômodos nessa jornada. A vida luxuosa e cheia de sabores ficaria penosa e insossa.

Não havia lugar neste mundo para Astrid.

"Então você está dizendo que se eu caçar uma monstrinha felpuda para Merenor, sua horda deixará deixará eu e minha Guilda viver... quero dizer, sobreviver neste mundo comandado por ele?"

O estranho encapuzado responde afirmativamente de forma tão sutil que Astrid chega a duvidar se foi um sinal de concordância ou de armadilha. Ela então suspira de leve enquanto fecha os olhos e repentinamente sua adaga voa e crava na mesa.

"CERTO! Farei o jogo macabro de seu mestre. Guarde seu dinheiro, eu quero apenas que me deixem em paz e a velhice me atinja. Não irei atrapalhar os planos que vocês estão executando em troca dessa liberdade de sobreviver."

A CAÇADA[editar | editar código-fonte]

Astrid nunca imaginara o quanto seria difícil caçar essa "monstrinha felpuda".

Não foi apenas a necessidade de convocar nove outros mercenários. Nunca antes havia caçado alguém com tanta gente lhe dando apoio.

Nem também a exigência do encapuzado de ir junto na jornada. Astrid achou incômodo, claro, mas era esperado e se tivesse no lugar de Merenor, faria o mesmo.

Ah, também não foi o fato de estarem a quase um mês em jornada, sendo as últimas duas semanas seguindo histórias genéricas contadas por plebeus de vilarejos e aldeias.

Pouca comida, pouco descanso, poucas pistas. Astrid nunca tinha enfrentado tanta dificuldade de encontrar uma caça. Sua própria equipe começava a desconfiar dela, a brigar entre si. Houve discussões acaloradas, houve ameaças e houve morte.

Quando tudo parecia ter entrado num caos incômodo, Astrid repara em dois olhos de gato bem escondidos em meio a mata escura de lua nova. Ela havia fitado sua presa, correu desesperadamente atrás dela enquanto sua equipe tentava ainda entender o que aconteceu. A caça se enfiou no meio da escuridão da mata e Astrid a perdeu de vista, mas não seu rastro. Agora ela sabia que a monstrinha estava perto e seria questão de tempo para caçá-la.

Demorou exatamente três dias. A caçadora usou todas ferramentas que conhecia: fogo na mata, cercos, eliminação de fontes de alimento e água. Foi difícil e exaustivo, porém Astrid conseguiu levar a meio-gata para um vilarejo que havia deixado alguns de seus companheiros e depois de algumas baixas e lutas, ela vê sua presa esgotada se fundindo com um gramado. Astrid usa então usa sua fala dócil para convencer que veio ajudar a metamorfa, que ela veio enviada pelos seus amigos e precisa urgentemente da ajuda dela para salvar o mundo das sombras.

Aurora, confusa e emocionalmente abalada, com muita relutância aceita conversar com Astrid.

Sem que a equipe de Astrid perceba, o misterioso encapuzado quebra uma gema escondida entre seus dedos e pulveriza em volta dele e de Aurora, criando um circulo de proteção que impede todos do lado de fora de se aproximarem ou mesmo verem o que está acontecendo dentro da névoa circular.

Antes de que Aurora pudesse rasgar o pescoço do encapuzado, ela sente uma imensa sonolência causada pela névoa e perde os sentidos. Palavras macabras são pronunciadas pelo servo de Merenor enquanto ele põe uma semente rugosa e bem escura dentro da boca da metamorfa.

Após o fim do ritual, o círculo de proteção some e o rapaz encapuzado se ergue olhando para Astrid que já o fitava com desconfiança.

"Está feito. Em nome de Merenor, vocês estão livres."

Astrid olha de relance para Aurora e percebe que sua aparência de insegurança, exaustão e até mesmo esquizofrenia haviam desaparecido. Agora parecia uma criança dormindo em paz. Ela não tem ideia do que aconteceu, no entanto sabe também que não irá fazer diferença saber.

"Espero não precisar vê-lo e muito menos seu mestre."

Astrid deixa o local com sua equipe sem olhar para trás.